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  PORQUE A CRISE ARGENTINA AFETA O BRASIL  
 

Segunda-feira, 3 de setembro de 2001.

Os mercados ! Esse é o nome pelo qual analistas do mundo inteiro definem o novo chefão do planeta. Poucos conseguem traduzir com exatidão o que vem a ser exatamente isso, mas, de qualquer forma esse é o epíteto que domina mentes e corações e atemoriza formuladores de política econômica no mundo inteiro.

Não pode CPI de corrupção senão os mercados caem e a crise se instala. Não pode queda de juros senão os mercados interpretam que a inflação voltará. Se parar o programa de privatizações os mercados refletirão incerteza e teremos crise. E ultimamente a Argentina é que preocupa pela reação que os mercados possam ter a uma eventual interrupção de pagamentos ou quebra do país.

Para entender o que se passa é preciso ter em mente que o Brasil é um país carente de poupança interna e, portanto, com baixa taxa de formação de capital. O mesmo se passa com a Argentina. Uma importante diferença é que a chamada dívida social aqui é bem maior do que lá e isso explica porque a dependência de capitais externos aqui é maior do que lá. Embora dependentes ambos, o grau de dependência argentino é menor que o brasileiro e isso explica, também, porque a aposta do câmbio pode ser bancada por mais tempo lá do que aqui.

Isso posto, vale notar que o abandono da aposta cambial aqui foi relativamente mais simples do que, certamente, poderia ser por lá. Sem a possibilidade de um abandono suave do câmbio fixo, resta ao país vizinho seguir na aposta de que, até por exaustão, seus custos internos acabem caindo e o re-equilíbrio da economia surja sem a necessidade de desvalorizar o peso. O custo social será imenso, o país se desindustralizará, mas a economia pode se equilibrar de novo. É nisso que o ministro Cavallo está apostando e, considerando-se o apoio popular da convertibilidad, é provável que esse seja o caminho escolhido pelo menos por mais algum tempo (entenda-se pelo menos enquanto durar o apoio popular.).

O problema é que sua majestade Os mercados não estão acreditando que esse caminho possa ser bem sucedido. Os mercados acham que a convertibilidade do peso se tornará insustentável e apostam nisso. Os mercados acham também que no momento que a Argentina tiver que mudar o câmbio o tumulto será grande e que moratória, quebra de instituições financeiras, empresas e pessoas serão inevitáveis e, que, essa situação afetará o fluxo de capitais para os países emergentes já que para Os mercados todos os emergentes (Brasil Incluso) são a mesma coisa.

Se os fluxos de investimento para o Brasil sofrerem redução importante, nossas vulnerabilidades estarão expostas novamente. A maior delas todas, como sabemos, é o déficit em transações correntes que tem sido financiado exatamente por esse fluxo de investimentos na ordem de 23-25 bilhões de dólares por ano.

Assim, voltamos ao início: É melhor que Cavallo esteja certo e a Argentina não tenha que desvalorizar sua moeda.


 
 
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